23 de agosto de 2019

Filme: Sai de Baixo Que Lá Vem Tranqueira

8/23/2019 Postado por DuraNerd , ,

Em tempos onde A Grande Família e Agostinho Carrara viraram meme na internet, Sai de Baixo não deixa de ser uma das séries brasileiras de maior sucesso que já existiram. Depois de uma nova temporada em 2013 que, em minha opinião, trouxe com excelência toda a graça que o seriado tinha e que me fazia rir em minha infância (e em minha vida adulta, nas raras vezes que revi pelo Viva), alguém decidiu que era uma boa ideia fazer um filme do Sai de Baixo. Quando eu vi o trailer, eu concordei, eu achei que era uma ideia excelente, mas eu me enganei.

A maior duvida que fica é: Onde eles acertaram em 2013 que não conseguiram acertar em 2019? Ao meu ver existem alguns pontos que podem ter contribuído com o fracasso que o filme foi, mesmo contando com uma marca e um elenco de peso e que nos fizeram rir tanto a décadas atrás.

Acredito que o ponto crucial para o meu desgosto com o filme seja a ousadia do filme. Com quase o dobro de tempo de um episódio da série de televisão, o filme largou a fórmula de sucesso da série, que era uma sitcom brasileira mostrando uma família soberba e cheia de problemas em seu apartamento. A história era simples, tinha início no apartamento, tinha fim no apartamento, todos aplaudiam ao final. O filme tenta criar toda uma trama sobre tráfico de joias que é chata e não convence.

Sai de Baixo de 2013.
As ações dos protagonistas no longa-metragem são bizarras. É totalmente compreensível o Caco (Miguel Falabella) ter sido preso ou se envolver na situação das joias. Apesar de macabro, é aceitável que o filho de Caco e Magda (Marisa Orth), Caquinho, tenha participado de uma trama que levaria sua família à morte. A história fica bizarra quando Caco e Magda se orgulham dos problemas do filho. Por mais distorcida e burra que fossem as mentes do casal, é inconcebível que eles tenham orgulho do filho tentando matá-los ou sendo preso, é uma tentativa patética de fazer piada com a situação que acaba ignorando a consistência dos personagens.

Em relação ao elenco, o filme já foi criado com a certeza de que não teríamos a empregada Neide, interpretada por Márcia Cabrita que infelizmente faleceu em 2017. Neide foi uma personagem retornou em 2013 e tornou o show melhor. As coisas pioram ainda mais quando dois grandes nomes da série possuem participações bem reduzidas no filme, que é o caso de Vavá (Luis Gustavo) e Cassandra (Aracy Balabanian). Luis Gustavo por si só já é um ótimo ator e tê-lo em apenas uma cena do filme é uma perda enorme. No caso de Aracy, sua personagem, Cassandra, sempre foi quem gerou as cenas mais hilárias junto de Caco Antibes, a redução da participação da personagem, que gera boas piadas dentro do filme, também é uma grande perda.

Com todas essas baixas, uma notícia que poderia ser boa é o retorno do porteiro, Ribamar (Tom Cavalcante), após o mesmo não ter retornado em 2013. Infelizmente, a verdade, é que o núcleo do Ribamar é a pior coisa do filme, a atuação de Tom Cavalcante está péssima no filme, de forma que é mais tolerável quando interpreta a tia, Jaula, porém horrível como Ribamar. As personagens de suporte ao Ribamar são igualmente ruins.

Lucio Mauro Filho e Tom Cavalcante.
A minha única surpresa positiva em relação ao elenco foi a atuação de Lucio Mauro Filho (o eterno Tuco, de A Grande Família) que interpretou dois papéis de baixa relevância, mas que fez isso muito bem. Seus personagens, Banqueta e Angelita, apesar de não serem tão ativos na história, proporcionaram algumas cenas muito boas.

Por pior que eu considere o filme, é inegável que ele possui algumas boas piadas. Quando o Caco chama o relacionamento de Ribamar e Cibalena de "um amor de merda" porque eles começaram a conversar pela privada (os encanamentos do prédio permitiam), eu ri bem alto. Outro ponto legal do filme foi a quebra da quarta parede, como acontecia na série, onde os atores deixavam de interpretar os personagens e pontuavam alguma coisa. Uma das cenas mais hilárias do filme é quando Miguel Falabella diz que vai fazer uma "fofoca" para Tom Cavalcante, dizendo que a Aracy Balabanian só assinou contrato para gravar três dias de filme.

Uma das críticas que eu vi algumas pessoas fazendo foi sobre a influência de politicamente correto em relação à obra. Acredito que esse não seja um fator importante aqui porque o Sai de Baixo nunca foi para mostrar um modelo ideal de família e sim uma família cheia de problemas que continuava se achando melhor do que realmente era. A graça das falas de Caco Antibes nunca foi ele falar mal de pobre, sempre foi que, apesar dos exageros, as falas dele retratavam a nossa realidade. Então o politicamente correto pode até ter amenizado as piadas, mas não é um fator decisivo para a queda de qualidade do longa.

Elenco original de Sai de Baixo.

Vale lembrar que essa é uma crítica de um expectador comum. Alguém que não é muito fã de filmes de comédia globais (salvo filmes com Paulo Gustavo e Leandro Hassum) e que se interessou por esse filme por gostar da série. Deixando isso claro, eu preciso dizer que não recomendo esse filme, a menos que você seja extremamente fã de comédias nacionais da Globo.

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